Home

Residencial Manoel de Barros

Concurso Habitação de Interesse Sustentável

Pensar na produção de habitação no Brasil é papel fundamental como solução para problemas sociais e urbanísticos. Iniciativas que vão desde a Fundação Casa Popular, passando pelos IAPs, BNHs até chegar no MCMV demonstram ao longo da nossa história o papel fundamental desse tema e suas contradições. A produção em larga escala sempre esbarrou em questões de qualidade e modelo de urbanização. Uma arquitetura de baixa qualidade e uma lógica de ocupação de seus conjuntos pautada pelo espraiamento urbano monofuncional ainda dominam o cenário da produção nacional. Habitações alocadas longe de centralidades e eixos articuladores, que geram monotonia, insegurança e baixa qualidade urbana.


A sustentabilidade de um projeto de Habitação Social precisa ser encarada de forma holística. Desde o entendimento da produção, tecnologia e replicabilidade da proposta até a implantação de um projeto que rearticule noções de urbanidade, centralidade e convivência. Diante dessas questões, a habitação se torna chave central e antídoto para diversas problemáticas da cidade contemporânea. Desde a retomada de áreas centrais, adensamento, aproveitamento de infraestrutura existente, até a produção de novas centralidades, Conjuntos Replicáveis e ações como a promulgada pelo presente Concurso para alavancar um modelo de Implantação de um Conjunto Habitacional que seja Sustentável visto que abarca dentro dele uma estratégia de implantação e projeto que articule tanto as demandas específicas e técnicas da habitação, como também seja um gerador de urbanidade e um articulador de demandas distintas dentro da mesma quadra.


Dessa forma, a implantação proposta permite que habitação, comércio e convivência se misturem e se separem de maneira estratégica e articulada, gerando uma gradação de acessos e usos que potencializem a urbanidade da quadra e do entorno. Ao pensar na possibilidade de replicação desta quadra, a alternância entre os blocos no lote permite uma dinâmica de rua que garante a vivacidade do quarteirão. Assim, diferentemente dos conjuntos monótonos e murados que cercam as frentes de rua, esse conjunto passa a ter sempre uma quadra com frente mista, podendo ser pensada a implantação de diversas quadras simultâneas, alternando fachadas ativas, moradias e lazer.


O projeto visa garantir que a sustentabilidade seja apresentada em todas as suas frentes. Seja ela como estratégia de implantação, permitindo a geração de urbanidade, convívio e dinamismo de atividades, seja por questões atreladas à tecnologia da construção e recursos relacionados ao conforto ambiental. Nesse sentido, diante de diversos desafios como viabilidade econômica, técnica construtiva, implantação, programa de necessidades, acessibilidade, mobilidade, conforto ambiental e ecoeficiência, a proposta resulta na articulação entre elementos tradicionais e replicáveis, com estratégias de utilização que permitam sua eficiência em todos esses quesitos.

 

ADAPTAÇÃO PROJETO GANHADOR DO CONCURSO “HABITAÇÃO DE INTERESSE SUSTENTÁVEL” PARA TERRENO EM CAMPO GRANDE/MS

Localizado em um vetor sul da cidade, Zona Urbana 4, Zona Bioclimática 6 e dentro de um polígono de ZEIS2, o terreno é contornado por três vias e um lote que o separa de outro empreendimento habitacional. Sua testada principal faz frente com a Avenida Cafezais, via arterial com eixo comercial estruturador do bairro. Com o caimento do terreno, o conjunto se acomoda à topografia em dois grandes platôs articulados pela área de circulação central, promovendo gradações entre áreas públicas e privadas. Sendo todos os pontos do projeto acessados por rampas e escadas. A quadra completa com as quatro faces livres, possibilita a implantação de 4 blocos de tipologia pátio, criando entre eles espaços de praça e percursos que atravessam a quadra aberta. Dessa maneira, as áreas de estacionamento se deslocaram para a periferia do quarteirão, permitindo maior permeabilidade e aproveitamento dos espaços públicos. A implantação permite que habitação, comércio e convivência se misturem e se separem de maneira estratégica e articulada, gerando uma gradação de acessos e usos que potencializem a urbanidade da quadra e do entorno.


Cada bloco possui volumes de 4 e 2 pavimentos, formado por espaços comerciais no térreo, prevendo fachadas ativas nas faces da quadra que se comunicam com as vias mais movimentadas. Já as unidades habitacionais desse pavimento estão elevadas da rua, gerando maior privacidade. Internamente, um grande pátio verde possibilita o lazer e a interação do bloco. Ao redor desta área, passarelas integram as unidades e terraços permitem o plantio de hortas e o descanso. Com a alternância das alturas dos volumes dos blocos, a solução encontrada foi o rebaixamento do miolo da quadra, permitindo um maior conforto em escala para os pedestres e usuários do espaço público, e as esquinas mais altas, em contato com o fluxo da rua e as vias arteriais. Essa articulação dos volumes permite a ventilação cruzada de todo o conjunto, gerando também uma alternância que permite a redução de 50% das fachadas para áreas de maior necessidade de cobertura para incidência solar.


Seguindo a Portaria nº959 e todas as demandas de legislação local, o projeto consegue implementar 164 unidades habitacionais. A tipologia habitacional de 2 quartos é flexível internamente, permitindo unidades padrão e também unidades adaptadas. As esquadrias e aberturas nas unidades permitem ventilação cruzada e um balcão e brises de venezianas móveis permitem o sombreamento das unidades. 15% de UHs no térreo são adaptadas sem a necessidade de alteração da modulação construtiva. Áreas localizadas na articulação entre os blocos e a rua interna, se destinam ao uso comunitário. O estacionamento conta com 60 vagas, sendo 2 para PCD e 2 para embarque e desembarque. Todos os pontos da quadra são acessíveis para Portadores de Necessidades Especiais. Os acessos ao mesmo bloco são diversos, podendo ser feito pela rua interna e pelas fachadas externas. Junto à torre de circulação vertical estão previstos os elevadores futuros. A circulação horizontal em passarelas permite que o morador cruze seu bloco descendo nos dois pontos de acesso à rua. O projeto foi pensando para conter respostas sustentáveis em todos os seus aspectos, sejam eles como estratégia de implantação, quanto em relação ao uso de tecnologias para ampliação da eficiência energética do conjunto. Em sua implantação, contamos com vastas áreas permeáveis, pisos em concregrama, jardins e pátios drenantes além de cobertura verde, disposta como horta coletiva nas 8 lajes de cobertura dos volumes de 2 pavimentos. As lajes de cobertura dos conjuntos de 4 pavimentos são forradas com telhas metálicas trapezoidais com sanduíche de poliuretano. O conjunto contará com sistema de captação de água de chuva para reuso. Painéis fotovoltaicos estão dispostos nas lajes dos edifícios mais altos.


Resumo:

• 164 unidades habitacionais de 53,40m2

• Sala, 2 quartos, 1 banheiro, cozinha, serviço e varanda.

• 16 lojas com 57m2

• Área oferecida como espaço público (praças e parques) com 7.640m2

• Área total construída = 15.720,73m2

• Custo m2 = R$2.436,18 / Custo total obra = R$38.298.540,93

• Tempo de execução = 15 meses



Concurso Nacional de Projetos_Primeiro Lugar

Etapa Concurso: Paula Vilela

Desenvolvimento: Paula Vilela + AAA

Clientes: Prefeitura de Campo Grande / SNH – MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL / GIZ

Data: 2021-2024

Local: Campo Grande, MS

Área: 4500m2 por bloco


Em execução.




Trabalhos relacionados