Como definir um ESPAÇO para comunicação e informação quando esta não pertence nem está contida em nenhum espaço físico? Cada vez mais a informação se faz presente em todos os espaços e se torna acessível de qualquer lugar. Tecnicamente não precisamos mais de espaços construídos para armazenar informação - a arquitetura de museu como conhecemos não se reproduzirá mais. Assistimos ao surgimento de um novo paradigma que possibilitará a criação de novos espaços, até mesmo virtuais, que irão suprir as novas demandas de interatividade e comunicação entre os usuários, as informações e os espaços. O espaço deixa de se configurar simplesmente como um contenedor de acervo e atividades e se transforma ele mesmo na interface entre os usuários e a informação.
A unidade arquitetônica existente entre a antiga garagem de bondes, hoje prédio do Instituto dos Arquitetos do Brasil, e o Museu do Telefone, antiga central telefônica, evidente nos elementos e na composição de suas fachadas, é reforçada com sua unificação cromática na cor atual do IAB, branco. Da fachada frontal serão retirados os galhardetes que encobrem todo o terceiro pavimento. A sinalização gráfica será executada nas fachadas laterais, muito mais visíveis ao transeunte. As treliças polonceau visíveis no IAB e hoje ocultas no Museu do Telefone serão liberadas com a substituição do forro atual por novo isolamento termo-acústico junto aos caibros do telhado, que terá suas telhas atuais substituidas pelas de tipo francesa. As lajes de todos os pavimentos serão demolidas, criando um grande vazio no interior do prédio, e parte do pavimento térreo será escavado para obedecer ao nível da rua. A galeria subterrânea existente nos fundos do prédio será preservada, ganhará mais um acesso e passará a abrigar uma pequena galeria de arte.
Não existem salas de exposição. A intervenção arquitetônica cria planos e passarelas, comunicando os diversos níveis do espaço. Existe apenas uma setorização básica entre o acervo permanente e as intervenções temporárias.
A estrutura geodésica é o elemento interativo do espaço e abriga o espaço de múltiplo uso. Conectada ao servidor central, a ela são acoplados painéis de microleds e monitores de plasma, que permantemente transformarão sua superfície. A geodésica pode ser acessada e controlada pelos visitantes em terminais no museu ou pela internet, serve como suporte para instalações, reproduz vídeos e animações didáticas, interativas etc. O espaço interno, com 135 lugares, é flexível, permitindo os usos de auditório, cinemateca e teatro, e como o Teatro Total de Gropius, tem palco rotatório que pode ser disposto como palco italiano ou de arena.
Concurso Nacional de Projeto
Cliente: Instituto Telemar
Local: Rua Dois de Dezembro, Catete, Rio de Janeiro.
Data: 1999.
Área: 3.200m2
Equipe coautora: Pedro Rivera, Murillo Oliveira, Robério Catelani.
Programação visual: Cubículo (Rodrigo Bleque e Fábio Arruda).