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Fábrica da Bhering

Produção de arte e urbanidade

Nossa relação com a Fábrica da Bhering se inicia em 2012, quando propomos alugar e reformar a cobertura da fábrica para estabelecer nosso escrtitório. Após meses de negociação e contrato assinado, o aluguel não se concretiza por questões além de nossa compreensão. O infortúnio se torna recompensa quando, meses depois da negociação frustrada, recebemos um convite dos proprietários para pensar um projeto para a Fábrica da Bhering. A Bhering foi uma das mais importantes fábricas de chocolates da cidade - quem não lembra dos cigarros de chocolate? - e parte fundamental da evolução urbana da cidade do Rio de Janeiro. No início do século XX, a Fábrica se localizava ao lado do Theatro Municipal, e sua intensa atividade industrial - com um entra e sai de cavalos e charretes - incomodava muito a programação do Theatro. Em paralelo, nesta época a fábrica estabeleceu um método de controle dos funcionários contra roubo de produtos onde cada um deveria escolher uma bola antes de sair. Caso a bola escolhida fosse a de cor preta, este deveria ser revistado. Após a saida da fábrica, os funcionários se reuniam em um boteco ao lado e ali celebravam a bola preta (ou sua ausência). Esta é a origem do Cordão do Bola Preta, bloco de carnaval mais famoso da cidade.


Da Cinelândia, a Fábrica se transfere para o Santo Cristo, sua atual localização. A nova edificação tem suas estruturas metálicas importadas da Alemanha e segue a produção até a década de 1980, quando fecha suas portas. O espaço passa a ser ocupado por antigo prestadores de serviço da fábrica, como serralheiros, carpinteiros, que montam pequenas estruturas para realizar seus trabalhos. Em 1990, o artista plástico Barrão vai a fábrica para conferir o trabalho de um serralheiro e se encanta com o espaço. Imediatamente instala seu atelier no local e, na sequência, a fábrica se transforma em um conglomerado de artistas.


É neste momento que entramos em cena: desenvolver um projeto de restauro para a edificação (tombada pela Prefeitura) e um masterplan que organize os espaços e insira novas atividades que permitam uma maior rentabilidade aos proprietários e apropriação do espaço da fábrica pelo bairro e pela cidade. Desenvolvemos, em parceria com o escritório de design Tangerina, um plano de negócios ancorado no projeto de readequação do espaço interno e na restauração das características originais da edificação. Os usos (e ocupantes) atuais foram mantidos e ampliados, além da inserção de novos, como residência (4.500m2), teatro (500 lugares) e circulações verticais responsáveis pela articulação do novos usos com os existentes.



Cliente: Fábrica da Bhering / Famillia Barreto

Local: Bairro do Santo Cristo, área portuária, Rio de Janeiro

Data: 2013

Parceiro: Tangerina Design

Área: 20.000m2

Equipe: Francisco Cunha, Maxime Baron, Hue



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