RESIGNIFICAÇÃO GEOGRÁFICA DO CENTRO HISTÓRICO – SANTANA DO PARNAÍBA HOJE
A cidade de Santana do Parnaíba teve seu crescimento urbano orientado para o sentido oposto ao Rio Tietê. Desta forma, o Centro Histórico perdeu a importância geográfica que outrora teve e hoje encontra-se desconectado da dinâmica urbana da cidade. Assim, um turista que chega pela primeira vez no Centro Histórico em dia normal, tem a sensação de caminhar por uma cidade vazia. Ainda mais depois de conhecer a intensa vitalidade urbana que ocorre ao lado do Centro, a partir da área da rodoviária. Entretanto, o Centro não está vazio. A maioria das casas são residenciais e estão ocupadas, o que garante a preservação do meio ambiente urbano local, gerando uma atmosfera bastante tranquila e familiar. Esta sensação positiva nos estimula a deixar o carro e caminhar pelo Centro Histórico, observando suas arquiteturas bem conservadas e as praças em harmonia com seu entorno e usuários.
A variação topográfica na cidade permite ao visitante visadas diferenciadas a cada instante. Em poucos minutos caminhando, já é possível ter o domínio visual de todo o Centro. É possível ver o grandioso e poluído Rio Tietê e a bela paisagem que se descortina por trás. Pode-se ver a exuberante vegetação no interior dos pátios internos que se formam nos miolos de quadra e as fachadas que se abrem para este espaço, tão incompatíveis com a arquitetura do local. Pode-se ver as construções que estão sendo feitas nos morros que circundam o Centro Histórico descaracterizando a ambiência urbana do conjunto arquitetônico tombado, assim como em Ouro Preto. Este fato percebe-se nitidamente quando atravessamos o Rio Tietê em direção à Alphaville e voltamos o olhar para o Centro Histórico. A única construção que se sobressai é a Igreja da Matriz, não só por estar no alto mas por possuir uma arquitetura de fácil leitura. O restante das construções são “improvisações”, sem planejamento, uma sobreposta à outra, como as oficinas mecânicas, o galpão esportivo, as construções inacabadas, os adendos às construções tombadas, enfim, são arquiteturas e usos que não contribuem com a preservação nem estimulam a dinâmica do Centro Histórico.
A revitalização do Centro, o aumento do fluxo de turistas, a apropriação deste belo espaço pela população local, somente irá acontecer quando esta área voltar a fazer parte do itinerário da população. Isto não significa torná-lo uma região de passagem e asfaltar quase todas as ruas e permitir o trânsito de veículos indiscriminadamente. A escala do Centro Histórico de Santana de Parnaíba não comporta veículos trafegando a todo instante em suas ruas. Isto inibe os moradores e os visitantes de desfrutarem do espaço público. As calçadas são demasiadas estreitas e não foram concebidas como espaço de permanência, enquanto a rua sim. É preciso pensar o Centro Histórico como um espaço de troca, encontro, lazer, diversão, um lugar não só para ser admirado como também ser vivido em sua plenitude.
A retomada da dinamização do Centro Histórico está intrinsecamente ligada à sua resignificação geográfica dentro da cidade. É preciso reinserí-lo na malha urbana e articulá-lo com seu entorno de forma que seus espaços sejam novamente percorridos e utilizados intensamente, estabelecendo mecanismos para que o Centro Histórico retome uma saudável relação de troca – cultural, comercial e institucional, com o restante da cidade.
AS BASES PARA A RESIGNIFICAÇÃO
Santana do Parnaíba é uma cidade que possui em seu entorno imediato atividades com alto potencial transformador, como o conjunto habitacional Alphaville e as indústrias recém implantadas. A taxa de crescimento populacional é de 8,85% e, conforme dados fornecidos pela Prefeitura, “A PEA - População Economicamente Ativa, no período de 1980 aos dias atuais e projetada até o ano 2015, constata-se que a faixa etária de 15 a 39 anos, que era de 39,5% em 80, representou-se 44,3% em 1995 e deverá representar 49,1 % em 2015 e, somando-se à faixa etária dos 40 aos 64 anos, poderá representar 72,7% em 2015”. Desta forma, Santana do Parnaíba se apresenta como uma cidade de médio porte em franca expansão de sua malha urbana. O intenso desenvolvimento e crescimento do município, já proporciona demandas por novos equipamentos urbanos que contemple os diversos extratos sociais.
A partir desta realidade, constatamos que um projeto para requalificar o Centro somente terá sucesso se este fizer parte de um pensamento maior, que contemple não só a conservação e qualificação de seus espaços e arquiteturas, mas que também garanta sua sustentabilidade, geração de mais receita para a municipalidade, aumento do mercado de trabalho para a população local, preservação e melhoria do meio ambiente natural, preservação e estímulo das manifestações culturais e uma maior coesão urbana em suas arquiteturas e espacialidades. Para atender a esta demanda, desenvolvemos um PLANO DE DESENVOLVIMENTO SUSTETÁVEL PARA SANTANA DO PARNAÍBA. O Plano é baseado em três pontos:
A- DESENVOLVIMENTO URBANO
Criação de um novo centro de cultura, lazer, negócios e habitação.
B- PATRIMÔNIO HISTÓRICO
Conservação e recuperação das edificações e do meio ambiente urbano.
C- MEIO AMBIENTE
Gestão e implantação do Novo Parque Municipal / Diretrizes para recuperação ambiental da região.
Concurso Nacional de Projetos
Cliente: Prefeitura Municipal de Santana de Parnaíba, SP.
Data: 2003.
Equipe: Jorge Hue.
Maquete: Robério Catelani e Tomaz Wately.