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Retrofit Dataprev

Reforma do principal datacenter da empresa

Com praticamente 50 anos de uso, o prédio da DATAPREV, localizado no bairro histórico do Cosme Velho, alcança a maturidade da meia idade pronto para se adaptar as novas demandas contemporâneas. Sua arquitetura brutalista, fechada para a cidade, já não atende mais aos critérios técnicos de uso a que se propõe e tão pouco as novas diretrizes da DATAPREV: reposicionamento da empresa junto a sociedade, estabelecendo uma nova relação com o público (clientes) e a cidade.


Nossa intervenção propõe uma atualização arquitetônica no prédio da DATAPREV baseada em cinco pontos:

1. Urbanidade: novo acesso + novos usos (galeria de arte digital)

2. Praça vertical: conexão e trocas

3. Planta livre / estrutura independente: novas formas de organização do espaço de trabalho

4. Pano de vidro: nova relação com espaço exterior

5. Terraço jardim: uma nova perspectiva da cidade


O paralelo estabelecido com os cinco pontos da arquitetura moderna, definidos por Le Corbusier (planta livre, fachada livre, pilotis, terraço jardim e janelas em fita), demonstra o quão atual e pertinente é a abordagem corbusiana como estratégia de intervenção arquitetônica e adequação espacial para demandas técnicas do século XXI. Os critérios norteadores da arquitetura moderna possuem não só uma preocupação formal, mas, acima de tudo, a construção de uma espacialidade que favorece o encontro entre as pessoas com a paisagem circundante, propondo uma integração formal e sensorial com o locus onde a edificação se insere.

 

Situação atual

O conceito brutalista da edificação, extrapola os limites de sua composição e se materializa também nas condições de acesso ao prédio. Originalmente o acesso se dava exclusivamente por sua lateral, junto ao estacionamento, legando a cidade uma empena de concreto cega. Posteriormente, executou-se o acesso principal pela fachada frontal através de uma pequena escadaria em dois níveis e um tímido vão por onde se faz o acesso e o controle ao interior da edificação. Tal solução, incompatível com a escala e importância da edificação e inviável do ponto de vista da acessibilidade, foi o primeiro ponto apontado por nossa equipe como intervenção fundamental para alterar a relação do prédio com a cidade.

 

A fachada principal, uma empena cega em concreto, possui uma carga simbólica que vai além das questões arquitetônicas e funcionais. O Cosme Velho é um bairro histórico, protegido pelo patrimônio municipal, e majoritariamente residencial, onde as pessoas caminham pelas calçadas para acessar os serviços disponibilizados no próprio bairro. Soma-se a esse contingente de pedestres, o acesso ao Cristo Redentor pela praça São Judas Tadeu, que coloca milhares de turistas, todo ano, caminhando pelo bairro. A imagem e, consequentemente, o significado que a edificação da Dataprev, um prédio público, informa a todos que transitam por sua calçada é de um edifício-bunker, inacessível, hostil para quem caminha, não só por sua arquitetura, mas também por conta da redução da largura da calçada, que ocorre exatamente neste trecho, tornando o caminhar perigoso.

 

A empena cega também causa transtornos internos de ordem técnica, pois restringe a iluminação natural nos espaços de trabalho gerando um consumo maior de energia. As fachadas laterais, com esquadrias de alumínio, também não atendem as demandas de luminância e, em dias de chuva forte, apresentam problemas de vedação.


A distribuição dos espaços internos – salas de reunião, baias de trabalho, sanitários, shafts de instalação - não favorecem uma integração e trocas entre os funcionários e tão pouco uma relação visual com o espaço externo. O prédio da Dataprev se localiza nas bordas do Parque Nacional da Tijuca, rodeado de vegetação de mata atlântica e prédios históricos, entretanto essa paisagem não faz parte da rotina de quem está no interior da edificação. O mesmo se pode dizer sobre o terraço do prédio: única área onde temos uma visão total da paisagem ao redor, inclusive o Cristo Redentor, e encontra-se subutilizado, com espaços compartimentados e sem qualidade ou com usos técnicos, como máquinas de ar condicionado, que inviabilizam sua utilização.


Nosso escopo de projeto contempla melhoria na acessibilidade, na eficiência energética, na qualificação dos espaços de trabalho (mobiliário, layout, instalações) e, principalmente, na criação de novos espaços que permitam uma maior sinergia entre a sociedade e a Dataprev.



Cliente: Dataprev - Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos

Data: Fevereiro 2024 a Abril 2025

Área: 7.500m2 edificação + 2.500m2 área externa

Co-autoria: Célio Diniz (Base Sete)

Equipe: Pedro Maia, Vitor Cunha, Eliza Lago, Silvana Barbeitas, Verônica Fidalgo, João Marcus Lima (estagiário)

Engenharias: Instalações complementares (Projemol instalações); Iluminação (JLG); Cálculo estrutural (Cerne engenharia); Automação (Bosco Associados); Paisagismo (Semear); Consultoria PROCEL (CTE); Aprovações (Projeto Legal)




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